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Morre aos 93 anos Nuon Chea, genocida responsável pela morte de 1,7 milhões de pessoas no Camboja

Regime de terror liderado por Chea e Pol Pot matou um quarto da população do Camboja em menos de quatro anos entre 1975 e 1979

Nuon Chea em julgamento no Camboja por seus crimes contra a humanidade

O nonagenário Nuon Chea, principal ideólogo do regime do Khmer Vermelho e condenado por genocídio e outros crimes no Camboja, morreu neste domingo em um hospital de Phnom Penh onde tratava várias doenças, segundo informaram fontes oficiais.

"Podemos confirmar que o acusado Nuon Chea, de 93 anos, morreu nesta tarde de 4 de agosto de 2019 no hospital da Amizade Khmer-Soviética", declarou em comunicado Neth Pheaktra, porta-voz do tribunal internacional que julga os crimes do Khmer Vermelho.
"A família de Nuon Chea foi informada", acrescentou Neth Pheaktra.
 
Cerca de 1,7 milhão de pessoas morreram devido aos expurgos, crises de fome e maus-tratos cometidos durante o regime maoísta do Khmer Vermelho (1975-1979), liderado por Pol Pot e Nuon Chea, considerado o ideólogo da organização.

Nuon Chea, que ocupou cargos como subsecretário do Partido Comunista de Kampuchea e presidente da Assembleia, se declarou inocente de todas as acusações que recebeu nos processos no tribunal internacional apoiado pela ONU.

Internado no hospital desde julho deste ano, Chea foi detido em setembro de 2007 e condenado à prisão perpétua em 2014 por crimes contra a humanidade, sentença que foi confirmada dois anos mais tarde.

Em 16 de novembro do ano passado, o ideólogo também foi condenado por genocídio junto ao antigo chefe do Estado do regime, Khieu Samphan, e o tribunal confirmou a prisão perpétua de ambos.

Essa decisão reconheceu pela primeira vez a comissão de genocídio por parte do Khmer Vermelho contra as minorias vietnamita e a muçulmana cham e declarou os dois acusados culpados desse crime, embora tenha absolvido Samphan no segundo caso por falta de provas conclusivas sobre sua intencionalidade.

O julgamento da cúpula do Khmer Vermelho começou em 2011 com dois acusados mais, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ieng Sary, e sua esposa e ex-ministra de Assuntos Sociais, Ieng Thirith, que morreram em 2013 e 2015, respectivamente.

Pol Pot morreu em 1998 no último bastião da guerrilha maoísta na selva do norte do Camboja, prisioneiro dos seus próprios correligionários e meses antes que estes acordassem sua dissolução com o governo de Phnom Penh.

O tribunal, em funcionamento desde 2006 após uma longa negociação entre a ONU e o governo, recebeu críticas pela duração do processo, seu elevado custo (US$ 300 milhões) e as interferências políticas do governo cambojano.

A primeira sentença foi emitida em julho de 2010 contra Kaing Guek Eav, conhecido como Duch, condenado a uma pena de 35 anos, elevada em apelação à prisão perpétua pela sua responsabilidade na tortura e morte de mais de 12.000 pessoas na prisão S-21.

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