Outras duas pessoas foram internadas depois de tumulto na comunidade, que tem 100 mil habitantes e é a 2ª maior da cidade. Houve confusão e correria com a chegada da PM ao local; evento tinha cerca de 5 mil pessoas, segundo a polícia.
Do G1
Nove pessoas, sendo uma mulher e oito homens, morreram pisoteadas durante um baile funk na comunidade de Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada deste domingo (1º), depois de uma perseguição policial seguida de tiros, segundo a Polícia Civil. Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas, e duas foram internadas.
Ainda de acordo com a polícia, agentes do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) realizavam uma Operação Pancadão na comunidade – a segunda maior da cidade, com 100 mil habitantes – quando foram alvo de tiros disparados por dois homens em uma motocicleta. A dupla teria fugido em direção ao baile funk ainda atirando, o que provocou tumulto entre os frequentadores do evento, que tinha cerca de 5 mil pessoas.
No entanto, a mãe de uma adolescente de 17 anos que estava no local e foi agredida com uma garrafa disse que os policiais fizeram uma emboscada para as pessoas que estavam no baile.
A jovem ferida durante a confusão descreveu o momento em que foi atingida. "Eu não sei o que aconteceu, só vi correria, e várias viaturas fecharam a gente. Minha amiga caiu, e eu abaixei pra ajudá-la", afirmou.
"Quando me levantei, um policial me deu uma garrafada na cabeça. Os policiais falaram que era para colocar a mão na cabeça."
Segundo a polícia, equipes da Força Tática, ao chegarem para apoiar a ação em Paraisópolis, levaram pedradas e garrafadas. Os policiais, então, teriam respondido com munições químicas para dispersão. Ainda de acordo com informações da polícia, alguém no meio da multidão disparou um tiro, e houve correria.
Durante a confusão, pessoas foram pisoteadas. Elas foram levadas em estado grave ao Pronto Socorro do Campo Limpo. Duas viaturas da PM foram depredadas. O delegado Emiliano da Silva Neto, do 89º DP, afirmou que todas as vítimas morreram pisoteadas e que ninguém foi vítima de disparos (leia mais abaixo).
O governador João Doria (PSDB) lamentou as mortes e pediu "apuração rigorosa" do episódio. O Ouvidor das Polícias, Benedito Mariano, afirmou que "a PM precisa mudar protocolo".
A diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, afirmou em entrevista à Globo News que a polícia tem de prestar contas do que ocorreu "sem medo de assumir um erro caso tenha havido".
Em nota, a União de Moradores de Paraisópolis afirmou: "Não foi acidente! (...) Com frequência, ocorrem ações policiais de dispersão, causando correria e violência, como mostram os vídeos. Essa madrugada, jovens foram encurralados em becos e vielas e foram levados a caminho da morte, e quem deveria proteger está gerando mais violência".
Vídeos que circularam nas redes sociais mostraram a ação da PM em Paraisópolis na madrugada deste domingo. Assista abaixo reportagem do Fantástico:
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a Operação Pancadão tem sido periodicamente realizada em toda a capital "para garantir o direito de ir e vir do cidadão e impedir a perturbação do sossego, fiscalizando a emissão ruídos proveniente de veículos".
Segundo o Corpo de Bombeiros, os nomes dos mortos são:
- Marcos Paulo Oliveira dos Santos, de 16 anos
- Bruno Gabriel dos Santos, de 22 anos
- Eduardo Silva, de 21 anos
- Denys Henrique Quirino da Silva, de 16 anos
- Mateus dos Santos Costa, de 23 anos
- Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos
- Luara Victoria de Oliveira, 18 anos
- Homem não identificado 1, de aproximadamente 28 anos
- Homem não identificado 2, de aproximadamente 18 anos
Segundo o Corpo de Bombeiros, as vítimas que estão internadas são:
- Miryan de Araújo Macario (lesão na perna)
- Giovanna Ferraz da Silva (lesão no rosto)
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