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Idosa de 108 anos abre mão de vacina no interior do Rio: 'Deixo para quem pode viver mais'

 Especialista condena recusa e diz que idosos são mais vulneráveis à doença; dona Hilda Cândida, moradora de Rio das Flores abriu mão da dose a que tinha direito, mas diz que vai manter cuidados contra a Covid-19 

Dona Hilda Cândida, de 108 anos, moradora de Rio das Flores diz que não vai se vacinar para deixar o imunizante para os mais novos Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo

RIO - Numa época em que a solidariedade e a empatia têm sido cada vez mais exigidas, Dona Hilda Cândida tem orgulho de pensar no próximo. Aos 108 anos, a idosa seria a primeira pessoa a ser vacinada em Rio das Flores, cidadezinha do Sul Fluminense. Mas abriu mão da dose a que tinha direito. Segundo ela, a generosidade é um dos valores mais importantes do ser humano. 

— Eu já vivi tanta coisa nessa vida, com quase 109 anos, que prefiro dar a vacina para alguém mais novo, que ainda pode viver mais do que eu posso. Estou quase partindo, não quero essa vacina — afirma a idosa, que faz aniversário em 2 de março. 

Com dores crônicas nas pernas — fruto da idade avançada —, Dona Hilda passa boa parte do dia sentada no banco da varanda da casa onde mora. A lucidez ainda está presente. Durante a entrevista, fecha os olhos a cada vez que busca as lembranças de uma vida "bem aproveitada", como ela mesma define. Parece tentar trazê-las à tona, mesmo as mais antigas, de quando era bebê em Santo Antônio de Olaria (MG).

— Eu tive pneumonia ainda bebê e não pude nem mamar no peito da minha mãe. Acharam que eu morreria e correram com o batizado para eu pelo menos ir sob as bênçãos de Deus. Aí minha madrinha fez uma papinha de angu morno para colocar sobre as minhas costas, acreditando na minha melhora. E aquilo deu certo — diz.

O sabor dos remédios não é seu favorito, mas mesmo assim ela não deixa de tomar as vitaminas receitadas pelos médicos e enfermeiros que a visitam periodicamente em casa. O que agrada o paladar de Dona Hilda é algo mais saboroso e geladinho.

— Eu gosto é de sorvete, de picolé, ainda mais nesse calor. Leite também, é tudo de bom. Eu gosto é das coisas boas, por isso nunca fumei e nunca bebi — diz, antes de uma longa gargalhada. — Eu adoro brincar, rir, a vida é boa assim. Quando fiquei dias internada no hospital, as enfermeiras nem queriam que eu fosse embora. Diziam que eu era a alegria por lá — conta, aos risos.

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